25 de dezembro de 2008

LUZ!


E que a luz da tarde traga consigo todas aquelas coisas que eu expulsei do quarto que já não é mais escuro!
Que a luz da tarde leve consigo todas as mesmas coisas que eu arrastei pra dentro da caixa iluminada.

Que a tarde da minha luz me deixe inexacta e estremecida diante da luzes coloridas que me guardam, me transcendem e transgridem.
Que minha luz tardia se faça presente nos dias que eu não quis-la em mim.

24 de novembro de 2008

Pré-tenção


Eu queria ser toda a tua procura,
toda tua vida, tua calma
e tua tortura.
Ser tua alma, tuas mãos,
tuas doenças e tuas curas.
Teus remédios, teus métodos
e teus critérios.
Teus segredos, tuas verdades
e teus mistérios.



Ser tuas coisas, tuas bagunças,
tuas explicações, tuas perguntas...
Ser tuas respostas, tuas saídas,
tuas chegadas, suas portas.



Ser tua memória mais bonita,
ser tua sede infinita,
teu cuidado e teu poder,
tua alegria e tua dor.



Ser seu tudo;
ser teu nada;
ser aquela;
ser tua amada.



20 de novembro de 2008

Eternidade


Enquanto você compõe baladas lancinantes, eu me obrigo a ouvir sempre as mesmas baladas bregas de sempre, esperando que a sabedoria que elas carregam me mostrem como te esquecer.

E de fato elas dão certas dicas do que fazer, do que não fazer e de como tentar parecer forte e inatingível, mas o que pulsa no peito insiste em tapar os ouvidos com as palmas das mãos, assim como faz uma criança pirracenta quando não quer ouvir a bronca de seus pais.

Tal vez eu continue assim.

Talvez eu te ame pela eternidade, o Amado* de Moraes já previa... E que seja como ele pré-visualizou: ' eterno enquanto dure. ' Mas que dure pouco, por favor!


Alguém depressa traga-me uma bolsa grande e macia em que caibam: um copo, um copo não, muitos deles, pode ser que eu atire alguns contra minhas teimosias cotidianas na tentativa de dete-las, um bebida doce e forte e uma boa dose de paciência engarrafada.

Levem-nos até o topo do mais alto vale, de onde eu possa observar as tempestades chegando e adivinhar quanto tempo demorara até que a primeira gota d'água caia no meu colo. De onde eu possa ver as grandes trovoadas em formação, mares em calmaria e desertos em transformação, rios, revoltas e vilarejos... Ah! E não esqueçam-se da ampulheta secular! Preciso esperar uma eternidade passar.


* Vinicius de Moraes

15 de novembro de 2008

Um tanto!


Essa tua instabilidade corriqueira,
essa minha flexibilidade brincadeira.
Essa nossa mania de esconder,
de tentar tapar o sol, com
os furos da peneira.
E tantos foram os laços,
tantos os dês-laços, tantos os abraços.
Tantas palavras entre linhas,
tantas mensagens subliminares.
Tantos olhares distorcidos,
tantos os sentimentos confundidos.
Tantos foram os acontecimentos,
tantos, tantos, tantos sentimentos.
Tantos pecados cometidos,
tanta falta de pudor.
Tantas vidas arremeçadas,
tantas mentiras inventadas.


Tantos pensamentos simultâneos,
tantos sorrisos,
tantas lágrimas,
tantas, tantas, tantas ameaças.


Tantos medos,
tantos consolos.
Tanto desespero, tanto conselho.
Tanto ouvido...
Tanto, tanto tanto!


Um tanto!


Uma única historia.


7 de novembro de 2008

○ Tinha ○

♪ É eu tinha que estar ali,
tinha que caminhar
sem saber pra onde ir.
Tinha que perder
pra achar e descobrir
onde foi que eu me deixei.

É eu tinha que ficar,
em meio a chuva, tinha que
brincar com as gotas d'agua...
Tinha que abrir mão
de certas paisagens,
tinha que amar e remar outros mares.

Eu tinha que ir e vir,
tinha que voltar, que parar,
tinha que correr, que andar.
Eu tinha que sofrer e tinha que amar!

Eu tinha que cair,
tinha que subir,
que aprender a levantar.

Eu tinha que ligar,
desligar, re-ligar.
Que unir, desunir e compactar.
Eu tinha que viver,
que prender e libertar.
Eu tinha que te ver vindo,
te ver indo e te esperar. ♫

3 de novembro de 2008

Apago

difícil ouvir do nosso próprio coração
que ele só pulsa, bate, pula,
mais não pensa!}*


Insisto no erro;
assumo o perigo.
Sei dos riscos que corro
e não espero inibi-los.
Sei das tramas montadas
das crises gritantes,
e das palavras amontoadas.

Sei dos amores criados,
dos guardados e esquecidos.
Sei o que posso,
o que não devo
e o que já paguei.

Apaguei.

Sei, sei, sei...

É o que bate no peito
que insiste em não saber.


*Rio e canoa - Fabio Jr

Estação

Mande uma evidencia qualquer
deixa eu ver que você esta por perto.
Diga as coisas desnecessárias que eu gosto de ouvir;
Ouça falar das coisas que se fazem dispensar.
Fica um pouco mais na minha vida!
Fica que eu fico mais feliz.
Fica que o coração vai batendo por um triz.

Frio na barriga se você ressurgi
Suor frio nas mãos se você aparece de repente
Doce surpresa de verão!

E é tempo que se vai;
Flor que muda de estação
pra estação.
Inverno que chega pra roubar
o meu verão;
É chuva que cai sem que eu
pesa pra cair;
É amor que pulsa e lateja
a todo instante
Sem que eu posso impedir.

Horizonte

Fingir uma busca
Partir sem deixar
Estar a cada momento;
entender e respeitar
o que pulsa no peito.

Que pulse a todo momento!
Que pule;
que grite;
que doa;
que cure;
que morra; que queime.
Que renasça!

Partir sem deixar,
atracar no porto seguro.
Observar
no horizonte
a vida a pulsar.

2 de novembro de 2008

Ex-tar.

Se me for dado o direito
de ficar
Deixarei que me fixe
no teu lugar.

Estarei no teu espaço
sem estar.
Do universo paralelo
pensamentos simultaneos
vão nos guiar.

Tudo a seu tempo,
seu ritmo, sem adiantar
Estaremos juntos a cada
segundo que passar.
A cada historia,
cada passo,
cada quadro, cada
canto da memória.

Estarei;
Estaras;
Estar;
Estaremos.

22 de outubro de 2008

Tempo meu

E tudo a meu tempo.
No vai e vem dos meus ponteiros,
Nos meus tic tacs, nos meus desesperos.

Nos meus segundos e terceiros.
Volta e meio, meio e quarto.
Sem pressa, sem alheio,
Simples devaneio.

O ponteiro vai,
não vem.
Não se preocupa em me esperar.
Eu corro, corro.
Nada de deixar a vida passar.

21 de outubro de 2008

Sim, não, talvez.

' Sinto que você é ligado a mim
Sempre que estou indo, volto atrás
Estou entregue a ponto de estar sempre só
Esperando um sim ou nunca mais ' {*}


E pode até ser que eu tenha sonhado demais, e que meus pés por mais de uma vez tenham estado fora do chão. Eles nunca foram muito bons na arte da precisão. Sempre me guiaram por onde nem sei.
E pode ser, também ,que eu tenha estado menos livre das coisas que alardeei estar. Por milhões de motivos. Talvez.
Fiz minhas próprias escolhas, fiz o que deveria ter feito. As cartas já foram devidamente lançadas e o que não esta mais em minhas mãos esta agora nas mãos de um tal de destino.
O que me permito segurar continua preso entre meus dedos esperando o próximo impulso, o proximo devaneio insandecido que me dominara.
Como por encanto as cartas sabem que o momento chegara e sabem de cor o caminho que teram que percorrer até o chão.
Eu sinceramente não sei nem qual será meu proximo passo.
E qual a graça em sabe-lo?
Quero a surpresa incontestavel!
Quero desconhecer o que me une a você e todas as questões universais do meu mundo.
Quero esquecer o sim, o não, o talvez.
Já quis tantas coisas que perco a conta.
Não me dou conta que sou uma outra, desta vez.


{*} Vanessa da Mata - Amado


28 de setembro de 2008

Cofre

Há uma quantidade gigantesca de coisas guardadas dentro de um pote de vidro, e como em um cofre infantil todos os dias deposito nele o que a de melhor em mim.
Deixo que as partes depositadas sejam chacoalhadas com força e façam barulho como um instrumento musical.
Logo o vidro se enche, e fica quase a ponto de explodir.
Puf.
Vazio novamente.
Hora de reenche-lo.

27 de setembro de 2008

De ultima hora

' E como loucura de ultima hora, me vem a vontade mais inebriante de escrever...
Escrever o que? Quem sabe?
Escrever um poema, um soneto, uma cronica, um texto... Qualquer coisa.
Apenas escrever e fazer com que você pense em qualquer coisa que possa te levar pra longe da rotina que tanto te angustia e te da a gigantesca vontade de fugir pra uma outra vida.
Talvez eu acabe não escrevendo nada de profundo, ou que mereça qualquer tipo de atenção, talvez eu enrole e digite aqui apenas a mais fugaz falta do que dizer, mais talvez eu realmente consiga chegar ao ponto que quero: Te levar.
Te levar pra qualquer lugar, e te deixar longe das coisas que você não quer por perto.
Empurrar pra dentro de uma caixa velha e fechar a cadeados todos aqueles monstros que no durante o seu dia-a-dia andam ao teu lado e não te dão um segundo sequer de paz de espírito.
Essa é a única e verdadeira intenção do escritor. Te levar pro lugar aonde você sempre quis estar e que não conseguiria chegar sem o devaneio de ultima hora de um genio com cara de maluco.
Não sou escritora, e quem dera um dia se-lo.
Mais me deixa tentar!
A tentativa frustrada é muito mais linda e romântica (e serve até de inspiração!), do que aquele imaginar distante que para nele mesmo.
Eu quero escrever a toda hora e a todo momento, e quero que você, se for possível é claro, acompanhe a minha linha de raciocínio, e viaje comigo.
O meu mundo lilás é muito mais imprevisível do que a minha sã previsibilidade.
E aaaah! Deixa eu te levar!
Eu vou escrever sobre os temas mais clichés e te fazer voar por cima de tudo aquilo que você cansou de inclinar a cabeça pra ver! Vou pintar a pontinha do seu nariz de rosa, pra marcar o ponto de onde você partiu pela ultima vez.
A gente marca da onde você partiu e parte de outro lugar, pra rotina não participar do nosso jogo.
E quando a vontade de ler acabar, você inclina a cabeça sobre a mesa, e deixa os teus olhos se fecharem. É exatamente a partir daí que a viajem começa! '

16 de setembro de 2008

Real

Quando a gente para pra observar um fato isolado dos demais é incrível a progeção que aquela minúscula cena exerce sobre nossa mente.
Num desses dias modorrentos, em frente a uma janela qualquer vi uma senhora pequena, magra e com a aparência sofrida. Trazia consigo uma grande bolsa e uma sacola cheia de coisas pequenas. Imaginei serem guloseimas para os netos que ela deveria ter.
Sim, ela tinha um lindo semblante de avó. Um sorriso cumplicente, daqueles que a gente sorri só de ver.
Tinha as mãos pequenas, quase não se via as palmas cobertas pelas alças da sacola.
Mas eram mãos lindas,cheias de linhas e marcas.
Quantas histórias não tinha aquela senhora pra contar, quantas vidas ela não mudou, quantas promessas, palavras, dores, alegrias.
Quanto sentimento não tinha sido depositado naquele coração, quanto sentimento não havia sido despejado por aquele mesmo coração.

E eu aqui, por algum segundo pude chegar perto de entender o sentido real das coisas.

19 de agosto de 2008

Ela sempre quis


Quis ter amor;
não lhe deram.
Quis ter carinho;
lhe negaram.
Quis afagos;
lhe proibiram.
Quis o mundo;
Se deu!
Quis uma história;
pequenas linhas.
Quis aquele filme;
algumas fotos.
Quis a bela musica;
clave de Sol.
Quis a plenitude!
Escreveu.
Quer tudo,
o limpo e o imundo,
o razo e o mais profundo,
a flor e o espinho,
o mapa e o caminho.
Quer a direção,
a frustração e o alivio.
O pó, a poeira.
A terra, a areia.
Quer, quer , quer
dessa vez, estar inteira.

Pela metade.


Durante um certo período de tempo,diria até que durante a minha vida toda eu me contentei com o que o universo podia me dar.Estava satisfeita com as minhas meias verdades, meias paixões e eternos sonhos 'Walt Dysneianos'.
Me era confortável a posição de espectadora,a poltrona reclinava e a tela era grande o suficiente para que eu pudesse apontar dali, da plateia, os detalhes que mais me intrigavam nas minhas personagens prediletas.
As vezes eu me reconhecia em alguns rostos e podia até me ver em algumas cenas, mas me perdia depois de instantes em fantasias tão abstratas quanto os filmes que eu vi.Sem jamais pensar em mudar de posição permaneci ali, e até re-vi minhas películas prediletas.
Ah, minhas películas prediletas!
Algumas mostravam a mim as tantas outras vidas que eu sonhei ter, outras me levavam até os limites das realidades que criei.
Mas num dia desses uma delas, nenhuma em especial, só aquela que por algum motivo eu jamais assisti, me chamou a atenção. Ela estava ali, no cantinho da sala escura, empoeirado, logo atrás dos filmes de terror e abaixo das histórias de aventura. Estava lá, empilhado, curioso, com carinha de 'assista-me'.
O assisti.
O filme estava pela metade!

Preciso sair dessa sala, e procurar pelo filme inteiro!

18 de agosto de 2008

Eu quero!


Eu quero a minha vida agora!
Quero o domínio, quero o total,
o súbito, o impulso o imparcial.
Eu quero a nota, a prosa,
quero a partitura, a dor,
a amargura.

Quero o sentido, a anulado,
o esquecido.
O Sol, a Lua
O Sol e a Lua.

Quero as chaves, as margens,
as paginas, e as claves
de sol, de lá, de mi, de mim,
de que puder.

Eu quero, e quero agora.
Olhar mais de fora pra dentro,
esquecer o de dentro pra fora.

Ser o que eu sempre fui,
sem a culpa, sem o estigma.
Ser aquela que quero,
ser a pergunta, a resposta e
o enigma.

Ser, ser, ser.

Não, não quero ser!

10 de agosto de 2008

Pai

Paizinho!
Dia dos pais hoje, eu sei, eu sei, a gente não liga muito pra essas datas capitalistas, a gente sabe que o seu dia é todo dia e que eu e a Yaya não precisamos demonstrar nada pra você porque você sabe o quanto é amado só pelos nossos olhos.
Mais é que o nosso programa de domingo me inspirou...
Você mais do que qualquer pessoa nesse mundo sabe o quanto é complicado pra mim demonstrar meus sentimentos. Mais num olhar só, você consegue entender tudo o que eu estou sentindo.
Só a gente sabe do que você abriu mão por nós e pela nossa família.
Só eu sei o que você representa pra mim.
Um herói, um ídolo, aquele cara!
Eu te amo tanto, tanto que isso chega a transbordar em mim!
E mesmo você dizendo que eu sou aquilo que você queria ser mais não teve a oportunidade, eu insisto em dizer que terei muita sorte se eu chegar a ser metade do homem que você é.
Mais do que um pai, você é um amigo.
Você não me impõe nada, não me obriga a nada, não me proíbe de nada.
Você me aponta os caminhos, me diz o que acha, e deixa a decisão por minha conta.Você me da asas pra voar, asas essas que estão aprendendo a dar os seus primeiros voos, e que ainda não tem uma direção definida, mais que tem os teus ensinamentos como bússola. Eu não sei ao certo qual é o sentido das nossas vidas, e se o soubesse certamente não estaria mais neste plano, mas eu tenho certeza de que se minha vida se acabasse nesse instante eu não iria embora tão triste, eu teria tido nessa vida o maior pai de todos.
Um sábio, um amigo, um mentor.
Eu te amo! Incondicionalmente!
Mais do que eu sei que serei capaz de amar qualquer pessoa nessa vida.
Te amo, te amo e te amo!

Carinhosamente, sua eterna menina.

Ps: Mãe, não fica com ciumes que eu te amo também! Mais hoje é dia dos pais ;)

2 de agosto de 2008

M e i l u m i n a !


' Sempre vivi procurandoo
equilíbrio ideal pra viver.
Fucei meus traumas de infância,
com uma certa arrogância
Pra ter a necessária coragem
pra assumir a paisagem do ser que eu vi que sou.
Do ser que eu vi que sou...

De um lado,
eu sou meio estranho inseguro,
em cima do muro, tão só.
Do outro lado eu sei o tamanho!
Pulo de peito aberto e cara pro sol.
Me ilumina, ilumina, ilumina!

Não sou mais tão ansioso,
Me sinto leve e gostoso,
livre solto pra mergulhar
No gozo do movimento do
que você tem pra me dar. '


{ Fabio Jr - Ilumina }

1 de agosto de 2008

Apenas


Desta vez eu queria não pensar.
Por segundos inteiros não sentir.
Só pensar.


Razões tão presentes
Na ausência da emoção.
Emoções tão latentes na
Ausência de razão.


Não pensar,
não sentir,
não lembrar,
não agir.


Não fugir.
Dessa vez não abrir.
Ficar.

Não dizer, não entender.
Só permitir,
deixar.

O tempo passar.


29 de julho de 2008

Muralha



Talvez eu não devesse pensar tantas vezes em pensar, e tantas outras em sentir.
Talvez eu não pudesse, talvez.
Foram tantas as pedrinhas recolhidas, umas vezes coloridas e sonoras. Outras tantas solidas e inaudiveis.
Uma a uma foram organizadas, colocadas estrategicamente umas sobre as outras, encaixando-se tão perfeitamente que chega-se a pensar que foram recortadas para melhor resultado.Aos poucos uma pequena parede foi erguida, e com o passar do tempo não se via do outro lado um único sinal de existência.
Preferi subir sob as pontas dos pés e dali observar o mundo a girar. As horas não paravam, e os mesmos pés doíam e já se cansavam da posição incomoda. Deixaram-se encontrar o chão, e sem que pudesse controlar eu já não via nada.
Protegida eu estaria ali, das coisas feias que eu vi pelo murinho.
E enclausurada também.
Não poderia ver a claridade que o Sol traria pelas manhãs, e tão pouco veria os raios que, provavelmente, cortariam os céus durante as tempestades de verão.
Por longos momentos preferi assim, acomodei-me a sombra da muralha e adormeci.

Algumas pedrinhas se soltaram por causa dos ventos que passaram e não foram ouvidos, muito menos sentidos.
Uma claridade tão serena se fez entrar, acordei. E quando olhei pela ausência de pedras tudo estava tão diferente. (s u s t o)
Ainda forço algumas outras pedras pra abrir um espaço maior.


21 de julho de 2008

l i b e r t a



E hoje é finalmente o dia, hoje assino e decreto a minha alforria.
Hoje me liberto de tudo aquilo que me manteve presa a todas aquelas coisas velhas que eu sismo em manter dentro do velho baú.
Hoje eu finalmente entendo e compreendo o que realmente sou, o que plenamente quero e o que por tanto tempo, sem entender, espero.
Não posso me definir.
Não posso 'nos' definir. Sou muitas! (s u s t o) Sou uma única e peculiar peça projetada escondendo as mais diversas formas e cores dentro de si só.
Posso ser o que eu quiser, no momento que me aprouver e eu achar direito. Posso lançar-me a qualquer momento em meus delírios, e no mesmo instante estar tranquilamente presa a minha realidade.
Posso diferir-me de todos os outros, e quase que simultaneamente ser o mais banal dos seres.
Posso sentir amor, ódio, quaisquer coisa ao mesmo tempo. Sem necessariamente ter que me rotular e subdividir em classes e denominações daquilo que sinto.

Posso, sim eu posso.

E só eu sei, sei mesmo, o quanto, eu tive que digerir pra entender e sublimar a liberdade que eu sempre quis prender.
Sou hoje liberta e desprendida.
Temente e temida.

Sou, incontestavelmente, Senhora da minha vida.


Laço.


Abraço, laço,
cria;
recria esse espaço.

Abre, abra,
domina;
expulsa o fracasso.
Fala, fale,
desarme;
arme aquele passo.
Conte, cante,
canto;
defina o traço.
Encha, preencha,
complete;
transborde o escasso.

20 de julho de 2008

Deixa!







Deixa-me ser menina;
deixa-me ninar
os medos.

Balançar.
Deixa o balanço
levar.
Deixa o corpo acompanhar.
Deixa o sentimento guiar.

Deixa!

Deixa essa marra;
deixa essa mascara;
se amarra!

Sinta a energia!

Deixa o sol iluminar;
deixa esse céu anunciar.

Deixa, deixa eu estar!

Posso




Que eu seja dessa vez
l i v r e.
Que me seja dado;
me seja designado;
me seja esperado.

Que os meus pés
se desprendam sem pudor;
que eu vá;
que eu fique;
que eu esteja.

Que a plenitude
me seja entregue;
me seja acorrentada;
me seja.

Que eu seja.
Seja o que quiser ser.

Posso ser tantas;
posso ser uma;
posso ser outra.

Posso ser essa;
aquela; quaisquer.

Posso ser daquele;
dele; de outro.
Posso ser.
Mas serei sempre
o que me vier;
o que me disser;
o que me quiser.

Serei sempre.
Minha.

Asas.


Fiz-me durante
noites inteiras
larva.


Criei-me por
vezes interminaveis
casulo; casa.


Permito-me nascer,
romper.
Hoje, sou asas.

Preciso

O eu que me bastava
por motivo qualquer
bastando já não esta.



Creio que a casca
que protegia
já enclausura.

Prende.

É preciso um
casulo maior.
Um em que caibam
todas as toadas;
paixões, flores e lampiões.


Uma que mantenha acesa
a luz da inspiração.
Que estagne a força de opressão.



Que permita-me estar
em lá.
Que permita-se romper-se
cá.


É preciso romper os elos.
Abandonar os proprios egos.

Eco, eco, eco.



Nada é preciso.

Salto.


Do alto de meus medos
Posso ver e além do
que meus olhos permitem.

Posso sentir além
do que me permito.
Sempre foi eu quem
controlou os passos.
Mito.

Sempre fui eu.
Deixa me saltar;
num rodopio silencioso.
Deixa me criar espaços;
fugir dos passos;
manter compassos.
De-me a liberdade;
de-me a coragem,
a força, a iniquidade.

De-me o direito;
de-me o oposto,
o avesso, o inteiro e o
exposto.

De-me a emoção,
as notas, a música
e percussão.
De-me.
Dai-me.

Darei-me, em salto.

15 de julho de 2008

Nossos copos

Num banco de praça discutindo
Visões do nosso mundo paralelo
Nem parece, faz tanto tempo,
A gente sempre sonhou ser eterno
Eu falo de casos e acasos
E você insiste em romper nossos elos

Nossos elos...
São gotas dum copo com água
Pela metade e como você vê?
Meu copo é metade cheio
Seu copo é metade vazio, por quê?

Meus sonhos são sempre malucos
Os seus são tão pesadelo...
Minha estrada é macia e segura
A sua tem pedras, sombra e chuva
Eu falo de desenho em nuvens
E você se agarra ao papel...
Nossos copos são tão diferentes.
Tão diferentes...

E eu quero fingir que não dá
Mas cada vez que você sorri
Eu quero quebrar nossos copos
Lançar nossa água ao mar
Pedir para as ondas levarem
Todo resto de amargura que há
E então... Seremos uma água só.

Nossos elos...
São gotas dum copo com água
Pela metade e como você vê?
Meu copo é metade cheio,
Seu copo é sempre metade vazio, por quê?
Meu copo é metade cheio,
Seu copo é metade vazio, por quê?
Meu copo é metade cheio,
Seu copo é vazio, por quê?

* Magda Nagasawa, Marina Cruz e Marisa Freitas

15 de maio de 2008

Minoria


Sim eu sou diferente dos seres que me rodeiam.
Faço parte de uma minoria esquisita que gosta de coisas esquisitas, lugares esquisitos, manias esquisitas e tudo o que de mais esquisito houver nesse mundo.
Tenho minhas próprias teorias, minhas histórias inventadas. Meus devaneios toscos, pouco característico para uma moça de minha alçada.
Tenho vontades alheias, coleções bizarras, manias involuntárias e uma vida toda desenhada.
Tenho planos de futuro, nova concepção de passado, e perspectiva de presente.
Tenho uma coragem latente, uma dor ausente e me mantenho presa a correntes, se não for assim, eu alço voo pelo mundo a fora e o céu se tornaria instantaneamente pequeno para o tamanho de minhas famintas asas de cera.
Tenho medos incomparáveis, desejos inestimáveis e realizações incríveis em meu currículo.
Tenho ganância suficiente, modéstia coerente e uma ira incandescente.
Tenho o que eu quero ter, na hora que eu sinto que devo.
Na hora que eu quero sentir.
No sentido que a hora me quer.
Existe maior minoria que a minha?

Falta

Eu estou me lembrando menos de você, e cada dia, me acostumo com a falta que você me faz. Uma falta quase que platônica uma vez que você nunca tenha estado verdadeiramente aqui.
Às vezes não contenho os meus pensamentos e acabo me levando ao teu encontro, mas a freqüência com que isso acontece é surpreendentemente menor e eu já me espanto quando estou no caminho de volta. Eu nem sabia que esse caminho existia. E agora que eu demarquei meus passos não esquecerei novamente que eu tenho, sim, uma escolha e por onde fazê-la.E essas linhas mal traçadas serão apenas mais uma pagina das cartas que nunca irão chegar.

14 de maio de 2008

Máscara.


Nada como ausentar-se por tempo indeterminado de um certo circulo vicioso de convívio, a impressão que me dá é a de que quando longe podemos perfeitamente sentir aquela saudadezinha marota dos seres bem-queridos.
É uma espécie simples de abstinência de um convívio obrigatório, que nos traz vontade de estarmos cada vez mais perto das pessoas espertas e indizíveis que nos rodeiam e bem longe das ventosas lancinantes de tantas outras que nos mantém fixamente presos a uma amizade calculista e interesseira.
Não me importa com que reação lerão e entenderão o meu pensar, me importa sim o meu direito a liberdade de estar no lugar que me agrada somente com as criações divinas que me agradam.
Já reparou na frequência interessantíssima com que você se vê rodeado por pessoas que certamente te irritam tão magnificamente, que te dão aquela vontadezinha de arrancar suas luvas de pelica e chacoalha-las no ar a fim de que as pontas de seus dedos acertem em cheio seus narizes empinados e cheios de si mesmos.
Eu já reparei. E desde então para não correr este risco deixo minhas luvas guardadas e muito bem trancadas dentro de um baú.
Ficam lá aguardando o dia de serem usadas com um certo ar de ‘Menina, deixe de ser boba! Dê logo essa bofetada!’ As mascaras ao redor concordam desprezando horrendamente o sorriso mimetista e sublime da mascara que me cobre os olhos.

13 de maio de 2008

Rato azul

A lua que outrora estava aqui, neste exato instante, deixou de existir a pouco mais de um milésimo de segundo, foi um pouco mais do que a velocidade com que meus olhos piscaram pela ultima vez.
As mensagens subliminares que deixei foram vãs e como o lixo que se retira do fundo dos armários, foram arrancadas com força e jogadas num lixo qualquer.
Pequenas lembranças foram esquecidas e continuam penduras na parede daquele quarto imundo e vazio.
Janelas foram devidamente trancadas na tentativa frustrada de resistir aos teus chamados e espetáculo teatrais que por tantas vezes me deixaram desarmada.
Depois de tantos esforços, restaurei meu amor à chuva. Amor esse que se restringe a tempestades impetuosas com direito a trovoes e trovoadas. E pelo que sei, chuvas de verão não se enquadram nesse aspecto.Mas é claro que aquele sol de ponta ainda me deixa embaraçada, e que aquele pequeno ratinho azul ainda me olha dormir do alto da estante de madeira.

2 de maio de 2008

Espinhos


Meus passos nem sempre
Tão certos, me levam a lugares
Que jamais sonhei em estar.
Essas andanças não combinam
Com a história que as minhas
Estrelas escreveram por linhas
Tortas.
Nem elas explicam aonde darão
Todas essas portas.
E já são tantas as perguntas, e
Nada. Nada de respostas.

Não percebe que esta tudo
Do lado errado.
Esta tudo invertido, como
Num jogo de espelhos.
As coisas seguem por si só,
E eu já entorpecida tento
Esconder as marcas.
Mascaras.

Somos tão incompletamente
Diferentes.

Estrelas, cartas, números e búzios.
Tudo diz que nossa historia esta errada.
E até as voltas do universo dizem
Que não daremos certo.

Por um segundo eu quase desisti.
Por um minuto e quase te deixei ir.
Mas por mim,
Eu insisto neste caminho, e por
Você eu abandono todos os espinhos.

6 de abril de 2008

Me faltou.

Eu esperei pelo tempo
impreciso,
lutei contra todo o
possivel, e
tive a coragem nescessária.
Pra tentar,
Pra chegar,
Pra dizer e pra
Falar.

Me faltou.

Faltou a minha
essencia vital,
aquela maneira
espiral de dizer
em rotações tudo
o que era preciso.

Faltou um pouco de
ternura,
uma espada, um
estandarte e uma armadura.

Faltou um segundo,
um pedaço qualquer
de um mundo.

Faltou uma sequencia qualquer,
uma faca, uma força,
uma coragem de mulher.
Faltou qualquer coisa.

Me sobra vazio.
Me falta tua presença,
tua incoerencia e o
sorriso que me fez
uma dia acreditar.

Menina qualquer.

Ela sempre sorriu de canto,
sempre viveu no meio,
e se escondeu no pranto.

Sempre foi menina, sempre foi
mulher.
Ela sempre soube do mundo,
soube de labirintos,
sempre foi a fundo.
De tudo.

Sempre foi alerta,
sempre foi incognita,
prisioneira dileta.

Sempre foi inspiração,
sempre foi tom,
melodia e canção.

Sempre foi uma menina qualquer,
Uma criança com 'Q'
de mulher.
Sempre e sempre.

Só ele não sabia disso.

Canto.

Eu não tenho ideia
Dos mil pensamentos
que habitam seu pensar.

Não sei dos sentimentos
Que te balançam, te embriagam
e te confortam.

Não sei das sensações
que te fazem suspirar,
dos desejos e acalantos.

Fico quieta.
Inexacta.
Em qualquer canto.

Que podia bem ser
o mesmo que o seu.

22 de março de 2008

Marisa.

Oposto de todos
os paradoxos clichés,
de todas as melodias
demodê;
e de todos os medos
que ninguém vê.

Marisa é uma loucura
delirante.
Uma doce leviandade
divina.

Rebeldias, gritos e neuroses.
Paixões, dores e sorrisos.
Sina.

Ela tenta esconder o rosto,
tenta ser um misto.
Ser a menina rebelde,
ser a direita, ser o opsoto.

Ela sabe o que fazer
pra contrariar,
sabe ser o que quiser.
Sabe encarar o que vier.
Marisa nunca foi qualquer mulher!

20 de março de 2008

Página.

Um amor de verdade;
uma chuva de verão;
um sentimento pela metade
e uma pequena ilusão.

Quis eu um dia ter
escrito
O conto mais bonito;
o canto mais bem visto.

Escrevi apenas uma
página
da memória já
esquecida,
da vida, já não lembrada.

Novo

Pelo vão da minha janela
Eu vejo a vida passar.
Passa veloz, e com uma
rajada de vento faz com
que folhas mais velhas
daquela árvore caiam.

A menina pisa sobre elas
achando uma graça o barulho
que as folhas produzem
sob seus pés.
Histórias que se quebram.
Pequenos pedaços que se
misturam a novos pés.
Pés preparados para
novos passos.

Silêncio

O que me acompanha,
Me guarda em segredo.
Silencio.

Sons que aquele sino produz.

Induz, conduz, palavras
ditas a meia luz.

Babados de veludo.
Anos de deslumbro.
Minutos de incerteza.
Já não se sabe de onde
Saem os murmúrios;
Abstraem o escuro.

Silencio.
É a única coisa que se ouve.

23 de fevereiro de 2008

Crença minha

Todo mundo tem no mundo
um mundo de opções.
Todo ser opta alguma vez
em ser o ser que não é;
e em algum momento
descobre que o momento já não é.

Os sentidos já não sentem
que sentir não é mais
suficiente.
É preciso ver além,
ouvir também,
tocar um bem,
cheirar o bem.

Os valores, já não tem valor.
Os temores, já não temem-se.
As dores, já não doem.
Nada, já não é ausência.
Tudo, já não é totalidade.
Mas fadas ainda voam.

Eu acredito nisso.

4 de fevereiro de 2008

Em

Eu vejo um trilho
de trem;
ouço um som
que sem
nenhuma musicalidade
me mantei inerti.

Eu sinto um
arrepio que vem
de um dizer
que vai além
do que eu possa
entender.

Eu me ligo a
uma energia zen
A uma forma de
existir de bem
com o universo
que sem-pre
me convém.

Entre linhas

Eu não vim aqui
pra pedir ou implorar;
Vim pra sentir
e quem sabe explicar.

Aquele tempo que se foi
não deixou frases
pra depois
Aquela historia que passou
Deixou lembranças de
nós dois.

E se ainda quer saber
eu não penso em outra
coisa, que não
me leve a você.

E esse tempo de agora
Não vai te guardar
Numa parte da memoria;
Te manterá para sempre
vivo em minha historia.

Repente

Eu não seria muito mais
Do que queria.
Não teria muito mais
Do que desejo.

Não sou muito coerente,
Não me prendo a correntes.
Livro-me nas correntes,
De vento.
Que me sopram pra qualquer
Direção.
No impulso, no movimento
Me deixo levar.
No medo de cair, um soluço.
De repente.

Repentista de mim mesma.

Sorria

Sorria, sorria, sorria
Dizia o cartão, como que em
Passes mágicos, o sorriso da garotinha
Induzia, a qualquer um.

Um sorriso talvez,
Uma angustia em solidez,
E uma lágrima a tira-colo.

Um poema sem porque,
Um porque sem sentido.
Não sabemos muito bem
O que nos mantém vivos.

Uma palavra sem motivo,
Um sentimento induzido,
Nunca o soube da rosa dos ventos,
Nunca tive um único sentido.

Norte, Sul, Leste, Oeste,
Nas pontas da estrela.
Na estrela a ponta,
Que aponta por algum motivo,
Mais um destino que não encontra
Sentido.

Essência

Não sou nenhum modelo de certeza,
Não tenho em meu nome a maestria
Da beleza.
Tenho cravadas em pinhas palmas,
Marcas, fora de série.
Tenho apagadas, como que em magia
Outroras de minhas almas.

Nunca tive a confiança do inteiro,
Nunca tive metade de qualquer coisa.
Desconheço a forma do alheio,
Não saberia descreve-lo.
O que conheço não me basta,
O que desejo não permanece,
Minha inconstância não me supre,
Minha fé, não me abastece.

Minhas ideias não são lúcidas,
Minha lucidez não me mantém,
Minha permanência não convém,
E eu nem sei se há no mundo
Um outro alguém.



Magda Nagasawa