16 de setembro de 2008

Real

Quando a gente para pra observar um fato isolado dos demais é incrível a progeção que aquela minúscula cena exerce sobre nossa mente.
Num desses dias modorrentos, em frente a uma janela qualquer vi uma senhora pequena, magra e com a aparência sofrida. Trazia consigo uma grande bolsa e uma sacola cheia de coisas pequenas. Imaginei serem guloseimas para os netos que ela deveria ter.
Sim, ela tinha um lindo semblante de avó. Um sorriso cumplicente, daqueles que a gente sorri só de ver.
Tinha as mãos pequenas, quase não se via as palmas cobertas pelas alças da sacola.
Mas eram mãos lindas,cheias de linhas e marcas.
Quantas histórias não tinha aquela senhora pra contar, quantas vidas ela não mudou, quantas promessas, palavras, dores, alegrias.
Quanto sentimento não tinha sido depositado naquele coração, quanto sentimento não havia sido despejado por aquele mesmo coração.

E eu aqui, por algum segundo pude chegar perto de entender o sentido real das coisas.