24 de março de 2011

Sweet Julie

Julie tinha passos rápidos, passos de quem ia ao encontro. Encontro de que?
Encontro do que queria encontrar, sem precisar procurar.
Esbarrar... Seu caminhar buscava.
Quando menina não tinha quem a ninasse, não tinha cantiga, não tinha colo. Se ninou, se fez dura, sólida, maciça.
E anda por aí, esperando por algo que a desfaça, que a reduza que a condense. Mas não admite, nem pra ela mesma.
Julie não é desse tipo de moça que se faz o que não é, eu já expliquei uma vez, ela acredita sê-lo. E quem acredita que é, mesmo não sendo, não mente, engana. Engana-se.
Ela se engana. E sinceramente, não se importa.
No fundo, no fundo, ser o que realmente se é, é dificil para qualquer um. O que esperar então de uma metade, uma parte? De alguém que nunca soube o que era ser um inteiro...

4 de fevereiro de 2011

Dear Julie III

O dia havia acordado meio sem graça. A brisa que batia na janela já era quase vento, e a vontade de sair de casa não chegava.
Julie não queria mesmo, era sair de si mesma. Tinha medo.
Seu lar era seu refúgio mas seguro, mas nem mesmo dentro dele ela era o que realmente era. Ela sempre era as coisas que imaginava ser.
Era a secretária, era a moça sozinha, era doce, era um conjunto de coisas que almejava, sem jamais deixar de pensar antes de ser.
A consciência de quem era aterrorizava os dias e as noites de Julie. Como se ela fosse, de verdade, tão ruim assim. Eu duvido!