2 de dezembro de 2009

Dear Julie I

Quando acordava, seu primeiro pensamento era: ' Já é final de semana? '. Não tinha animo para segundas-feiras e muito menos para quartas... Dizia que quartas eram dias ingratos onde o final da semana ainda demorava, mas o antecedente estava fresco na memória.
Tinha sede de vida, e queria vive-la agora. Não se importava com o que viria depois, muito menos com o que já havia passado. Não lia, ler a obrigava a aprender coisas sem vive-las, e isso era exatamente o que ela não queria, queria aprender tudo a sua maneira. Se sacrificando se isso fosse necessário.
Tinha todos os medos das pessoas que não tem medo do que estava por vir e toda a coragem de quem enfrenta o que tiver que ser... Era forte e docemente inquieta, caminhava rápido, em passos fortes temendo ser vista, mas quando queria que a vissem, a caro leitor, você a veria.
Tinha um ar sutil de quem é cordial e extremamente ponderada, mas seu âmago era diferente. Não era ponderada, muito menos sutil... Sabia o que dizer, e como dizer para conseguir o que queria e não tinha o menor receio em usar da técnica que aprendera quando ela era a unica coisa que possuía.
Queria alcançar o céu e para isso não mediria nem esforços, nem conseqüências. Queria chegar ao fim de tudo, entretanto sentava-se e chorava a cada fim que determinava...

23 de novembro de 2009

Florescer


Sei bem dos meus limites
e assumo as minhas responsabilidades
Tardias talvez para a mulher,
pueris demais para a menina.
Feita de gritos e afagos
sussurros e disparos.
Sou eu o auto-controle dos náufragos.

Uma parte que me foi um dia
toma-me o direito de se-la novamente.
E o que poderei fazer eu e minhas
pequenas mãos?
Espalhar pelo chão todas as coisas que já fui?
Recolher, as que sou...
Deixarei-me tomar por essa que me é.
Se-la-hei.
Ser-me-hei.

Semearei-me.


21 de outubro de 2009

Sentido

Hão de me questionar
sobre a existência, o medo,
o amor e a eloqüência.
De onde nascem todas as promessas
e descumprimentos desejados?
De onde vem, pra onde vai, aonde esta?

Hão de me explicar
sobre a vida, sobre a morte,
sobre a fé, o desejo e a sorte.
De onde viemos, para onde vamos e
aonde estamos.

Hei de sobre voar
a existência, o sonho,
a amplitude e a demência.
De onde vim, pra onde vou e
aonde estou.

Questionamentos,
Explicações,
Subimplicitações...
De que vale para uma alma
cheia de si e vazia de tudo?




19 de outubro de 2009

Verbo

Felicidade é o cafuné pra poder dormir,
o abraço apertado pra proteger,
a mão dada pra não perder,
o sorriso pra poder acordar.

É a palavra certa pra consolar,
o colo macio pra acarinhar,
o coração calado pra amar.

Felicidade é a nossa oposição,
a nossa aglutinação,
o nosso querer estar.

Felicidade é a falta de palavras,
o não saber explicar,
a imensidão e o cheio no peito,
a vontade que da de gritar.

Felicidade não é o encontrar
não é estar, não é juntar.
Felicidade é pensar, é sonhar
é acreditar que o verbo
esta sempre a se conjugar.

24 de julho de 2009

Felicidade!

Ter dezenove anos, ah, quanta vontade de viver!
Meu corpo funciona como uma perfeita maquina que não precisa de reparos.
Posso comer o que quiser, beber o que quiser, e não me preocupo se vou viver mais dez anos ou dez minutos.
Não sou mais uma criança, não sou adulta.
Posso fazer pirraça, manha e até me descabelar; posso ser séria, olhar por cima e decidir que direção tomar. Tomar como se toma um bom gole de tequila, ou um remédio amargo desses que fazem os olhos se fecharem e as papilas reclamarem, mas que me ensinam a não tomar chuva após um banho quente, ou a tomar um banho quente após a chuva.
Posso reclamar o quanto quiser do desconcerto do mundo e não fazer absolutamente nada pra muda-lo, ou então, posso muda-lo pra não reclamar de absolutamente nada. Posso tentar o concertar a meu modo, talvez de certo, talvez não... E se eu descobrir que o meu modo não era o melhor e que me desgastei em vão, posso me sentar e chorar feito uma criança. E depois de chorar um rio da lágrimas eu posso me levantar e tentar novamente, com um fôlego renovado e um ar de experiência.
Posso assistir os meus desenhos da infância com a nostalgia de um velho e rir deles com os sorrisos de um pequeno.
Posso amar e jurar que vai ser pra sempre, posso acreditar que o pra sempre existe mesmo!
E quando eu descobrir que não existe, posso jurar que essa dor vai acabar... E ela vai mesmo...
Posso fugir da realidade e viajar nos meus pensamentos sem me preocupar com conseqüências.
Eu posso! Talvez esse seja o maior exemplo de felicidade, ou quem sabe, de uma feliz idade!

8 de junho de 2009

Tempo

É relativo o contar
do tempo que
passa passa por passar.

Que corre corre
pra guardar;
que anda anda
pra marcar.

Que escorre pelas mãos
quando se é mais
que se agarra aos dedos
quando se é só.

22 de maio de 2009

Imag(in)ação.

Sussurros de uma voz que me arrepia,
poro por poro, eu posso sentir
a pele eriçada, a nuca sensível,
um calafrio a subermegir.
Um frio na espinha que se espalha,
que mancha a derme,
que me aniquila e atrapalha.
Que me treme o corpo,
me balança as canelas.
Um sussurro estridente
que sopra aos ouvidos
uma vida que não é minha,
imagens que não reconheço
sentimentos que eu não sinto,
forças que eclodem no meu peito.
Uma história que eu não vivo,
que traço, que crio.
Imag(in)ação.

8 de maio de 2009

Quando acredito


Se eu coloco fé
na força que não tenho,
tenho a força por
te-la acreditado.
Das coisas que emano
sou fragmento do que eu falo.
Das que que recebo
parte que eu não calo.

Quando acredito no que faço
Tenha pés e peito de aço.
Não há punhal de Aquiles, ou
doença, enfarto, que me parem.
Me faço mais do que sou,
ou menos do que acredito ser.

Me faço o que eu quero,
quando eu acredito
que sou aquilo que quero ser.

21 de abril de 2009

Tanto tudo nada


Eu tinha tantas coisas pra te contar!
Tantos sonhos que selei, tantas cartas que sonhei;
tantas palavras que ouvi, tantos absurdos que falei.

Eu tinha tantos planos pra realizar!
Tantas sorrisos pra mostrar, tantos olhos pra sorrir;
tantas cores pra sentir, tantas sentimentos pra pintar.

Eu tinha as dores do mundo e suas curas também.
Os males da terra e o poder do além;
tinha as pedras do caminho e os atalhos porém.

Eu tinha tanto tudo, quando meu pensamento em você, era nada.

13 de abril de 2009

Ser sido


Sou essa, esta, aquela e aquilo.
O que foi dito, achado e perdido.


A escrita, a imagem, a escolhida.
O apagado, o desfoque e o renegado.


Sou o pedaço, a parte, a metade.
O inteiro, o tudo e a saudade.


Sou a soma do que eu quis,
os múltiplos do que não quis.
Sou o que afirmo ser,
e muito mais o que nego.

Sou as coisas que ouço e
bem menos o que eu prego.
Sou aquilo que eu vejo,
e intensamente o que tapo.
Sou o que digo em pensamento,
e o que calo em ação.

Sou desejo, sou momento
e acalanto.
Sou eu
uma porta
que tranco.

Trailer


Eu quis ser peça,
ser ato, ser fala
e ser palco.



Quis ser luz, ser som,
ser efeito, ser dom.
Quis ser personagem, ser set,
ser filmagem.


Ser camera, ser ação,
ser craquete, ser roteiro,
direção.


Ser longa, ser curta;
documentário.
Fui trailer, fui clipe,
estação.

29 de março de 2009

Fim começo


Seguem-se as passagens
no texto transmitido.
Abrem-se aspas do dito
fecham-se do sentido.

Passasse o segundo aviso
o grito certeiro e o terceiro
grito.

Buscasse a forma perfeita
De uma perfeição sem forma.

E textualiza-se a transmissão
das passagens seguidas.

27 de fevereiro de 2009

Hipoteticamente


Se fosses as coisas que procurei
Serias bem mais que o desejo momentaneo.
Seria agora o que aguardei
no segredo da fé selada.

Se fosses os sonhos que sonhei,
serias menos que as dores que doeram.
Seria amanhã a realidade que gravei
na força da ponta de um olhar.
Ou num olhar de ponta,
olhar que desponta.

Se eu fosse mais real do que já fui
Estaria pisando por trilhas que pisei.
Em outros tempos sem olhar.

Se fosses de encanto
Serias a magica que não fiz,
Pirlimpimpim que escorreu por entre os dedos
de uma fada sem poder.

9 de fevereiro de 2009

Dois quartos


Faz do tempo seu cãozinho
Faz correr e faz voltar
Faz passar;
esperar.
Me espera no infinito a rodar
Roda nos passos de um segundo...
De um terceiro, de um quarto vazio
De um quinto infernal e de
um sexto florido.
Voltemos ao começo e fiqemos
ao primeiro passo.

7 de fevereiro de 2009

Palavra muda


Saída de emergência pra quem não fica.
Janela indiscreta pra querer olhar.
Porta automática pra quem entra.
Fecho de alumínio pra quem fica.

Trinco de madeira pra quem passa.
Cortina de fumaça pra quem chama.
Chave de prata pra quem espera.
Cofre blindado pra quem ama.

Caixa de segredos bem aberta!
Flores espalhadas no fim da flecha
só quem sabe entende a caixa,
só quem viu enxerga a faixa.

Faixa azul trançada nos cabelos
Refletida em verde pelo espelho.

Nem tudo que parece é;
Nem tudo que é parece.
Nem toda reza é prece;
nem toda corrida é pressa;
nem toda luz é feixe.
Nem toda água é peixe...

Nem toda caixa é quadrada
nem toda alma é selada.
Nem todo selo é carta
nem todo poema é falta.
Nem todo amor é carma
nem toda magia marca.
Nem toda mão é destra;
Nem toda palavra fala.

6 de janeiro de 2009

Igual jamais será


Talvez eu ame mais;
Talvez eu ame menos.
Talvez eu não venha a amar;
Talvez eu nunca tenha deixado...
Talvez nunca amado.
Talvez eu termine o começado;
Talvez eu recomece o terminado.
Talvez eu tente outra vez;
Por vez ou outra comece de vez.

Talvez vá,
talvez fique.
Talvez não mova.

Talvez fuja
Talvez aja,
Talvez exista ainda
Talvez já não haja.


Talvez, tal vez, talvez.

É a minha incostância
a única certeza.
De um forma imensa
que não quer que eu seja.

Porta


Obviamente sei que
não poderia,
clara e indiscriminadamente
eu risco um traço.
Dele pra frente nada sei;
dele pra traz meu espaço.

Do traçado nada sei;
Da mão que riscou
nada também.
Do tempo que levou
só que não volta.
Do que quer dizer?

Só mais uma porta.

Porta pra sair e pra entrar;
pra quebrar ou derrubar;
Pra abrir e pra fechar.
Pra proteger o que dentro,
manter longe o que esta fora.

Sem chave, sem clave
sem a chance de trancar.
Sem saber, sem amar
sem chance de abrir.
Se não se abre é mais
seguro não sair.
Ficar é a melhor saída
pra uma porta entre-aberta.

5 de janeiro de 2009

Para o novo.


Que o dia nasça mais vezes
E que eu o veja nascer.
Que as músicas toquem mais alto
E que eu possa cantar.

Que eu viva mais,
que eu ame mais,
que eu dance mais,
que eu fuja menos.

Que eu busque mais,
que eu espere menos,
que eu lute mais,
que eu ganhe menos.

Marcas, dores, paixões...

Que eu corra mais,
que eu pare menos,
que eu perdões mais,
que eu erre menos.

Que eu seja mais humana,
menos paisagem.
Mais real,
menos miragem.

3 de janeiro de 2009

Do que já foi.

Se eu voltasse ao passado
tenho a vã certeza de que
nada seria mudado.

Passo por passo eu refaria;
Palavra por palavra re-diria.
riso por riso,
lágrima por lágrima,
toque por toque;
sentimento por amor.

Sinceramente eu reviveria
cada dor, cada marca,
cada dia.
Eu seria a mesma,
talvez menos cautelosa.

Mas a mesma.
Teria mais marcas espalhadas
pelo rosto.
Mais cicatrizes pelo corpo,
menos brilho no olhar,
um cabelo mais fosco.
Eu me marcaria diferente,
agiria igualmente...

Eu faria o que já fiz;
segundo por segundo;
momento por momento,
lembrança por lembrança;
se me fosse dada a certeza de que
Hoje;
você estaria aqui.