4 de março de 2012

É de amor!

" Ainda bem
Que você vive comigo
Porque senão
Como seria esta vida?
Sei lá, sei lá... "

É sentir de perto,
Olhar aberto,
Palpar o teto...

É de despertar,
de adormecer,
de acalentar.

É de preto e branco,
de sol e chuva,
de sorriso e pranto.

É pra ser canção,
é pra ser cantiga
ser trova, ser prova...

É pra ser de cor,
pra ser de cór,
Pra ser amor.


2 de março de 2012

Ponto de Vista

Não que o caminhar fosse tranquilo,
não que o respirar fosse profundo...
Não que o chamar fosse pedido,
Fosse tempo,

Perdido.

É que os passos cansam...
É que as pedras machucam,
e o visual é limitado.
Não posso querer outro modo.

Não que o caminhar não seja preciso,
mas o voar...
O voar...

24 de março de 2011

Sweet Julie

Julie tinha passos rápidos, passos de quem ia ao encontro. Encontro de que?
Encontro do que queria encontrar, sem precisar procurar.
Esbarrar... Seu caminhar buscava.
Quando menina não tinha quem a ninasse, não tinha cantiga, não tinha colo. Se ninou, se fez dura, sólida, maciça.
E anda por aí, esperando por algo que a desfaça, que a reduza que a condense. Mas não admite, nem pra ela mesma.
Julie não é desse tipo de moça que se faz o que não é, eu já expliquei uma vez, ela acredita sê-lo. E quem acredita que é, mesmo não sendo, não mente, engana. Engana-se.
Ela se engana. E sinceramente, não se importa.
No fundo, no fundo, ser o que realmente se é, é dificil para qualquer um. O que esperar então de uma metade, uma parte? De alguém que nunca soube o que era ser um inteiro...

4 de fevereiro de 2011

Dear Julie III

O dia havia acordado meio sem graça. A brisa que batia na janela já era quase vento, e a vontade de sair de casa não chegava.
Julie não queria mesmo, era sair de si mesma. Tinha medo.
Seu lar era seu refúgio mas seguro, mas nem mesmo dentro dele ela era o que realmente era. Ela sempre era as coisas que imaginava ser.
Era a secretária, era a moça sozinha, era doce, era um conjunto de coisas que almejava, sem jamais deixar de pensar antes de ser.
A consciência de quem era aterrorizava os dias e as noites de Julie. Como se ela fosse, de verdade, tão ruim assim. Eu duvido!

9 de setembro de 2010

Dear Julie III

Não era um dia quente como deveria ser uma tarde de setembro, assim como não era uma tarde fria como deveria ser a solidão de tarde sem ninguém. Era um dia nú.
Nú sem cores e texturas, era apenas um dia desses que se repetiam corriqueiramente na vida de Julie.
Ela se sentia triste. Não por algo que lhe acontecera, tão pouco por alguém. Sentia-se entristecida consigo mesma por carregar um sentimento tão horrível por alguém que deveria despertar-lhe uma franca ternura e uma vontade de abraçar. Queria abraçar, mas de um jeito estranho sabia que seu abraço não seria bem-vindo.
Lutava com toda a força que possuía contra o que lhe apertava o peito, em vão.
Sabia que era inrreversível, e era isso que fazia com que se sentisse tão má e culpada.
Culpa. Está é a palavra, o sentimento.
Sentia-se culpada pelos sentimentos maus que cultivava, sem se dar conta de que não podia controla-los.

21 de julho de 2010

Dear Julie II

Num dia de chuvas, desses em que a gente acorda primeiro que o despertador e fica torcendo pra que ele demore pra tocar, mas mesmo assim não prega os olhos... Num dia assim ela olhava através da fresta do cobertor que abrira para que o ar fresco entrasse e ela não se sentisse sufocada pelo calor das cobertas.
Ela queria um motivo, um só motivo para levantar da cama e sair de casa.
Procurava e procurava... Nas lembranças do passado, no calor do dia-a-dia, nos detalhes do ultimo livro, mas nada lhe vinha a mente.
Sentia-se triste e não tinha um motivo. Queria encontra-lo.
Pensou nas pobres crianças afegãs que tanto sofriam por causa da guerra, pensou nas crianças brasileiras com fome, sem nome e sem educação... Pensou nas tristezas todas do mundo, mas muito embora se sentisse tocada por todas aquelas coisas, não era isso que a entristecia...
Desligou o despertador e decidiu dormir naquele dia, não ligaria para o trabalho, ninguém sentiria a sua falta.
Tentou em vão voltar ao sonho que tivera antes de acordar, e descobriu então o que lhe deixava tão angustiada, era a falta.
A falta de algo que ela jamais teve.

20 de julho de 2010

Moça

É tão pequena a moça...
Tão pequena que os olhos se apertam pra ver os seus detalhes.

Tão linda a moça...
Tão linda que a imagem não combina com as coisas ao redor...
Nem com a lua la do alto, nem com a conchinha la embaixo.

É tão doce a moça...
Tão doce que os os dentes doem, e a testa franze quando ouvem a vozinha da moça.

É tão mundo a moça...
Mundo que gira ao redor do tudo, que dança ao redor do nada...
Moça danada!

A moça nasceu no tempo errado!
Coitada!
Não era pra ser a dona de meus versos, era pra dona dos versos de bambas, de sambas e bossas.

Moça, moça, moça!
Que é Nathalia, mas podia muito bem ser Sophia!

3 de junho de 2010

De mim

Não sei se é peixe,
se nada, se molha.
Não sei se é água,
se pinga, se mata.

A sede.

Não sei se cede,
se permite, se cabe.
Não sei se abre,
se fecha, se bebe.

A água.

Não sei se anda,
se ronda, se vai.
Não sei se fica,
se rompe, se pinta.

Com tinta.

Não sei de cor,
de tamanho, de matéria.
Não sei do desenho,
da pequenez, da imensidão.

De mim.

2 de dezembro de 2009

Dear Julie I

Quando acordava, seu primeiro pensamento era: ' Já é final de semana? '. Não tinha animo para segundas-feiras e muito menos para quartas... Dizia que quartas eram dias ingratos onde o final da semana ainda demorava, mas o antecedente estava fresco na memória.
Tinha sede de vida, e queria vive-la agora. Não se importava com o que viria depois, muito menos com o que já havia passado. Não lia, ler a obrigava a aprender coisas sem vive-las, e isso era exatamente o que ela não queria, queria aprender tudo a sua maneira. Se sacrificando se isso fosse necessário.
Tinha todos os medos das pessoas que não tem medo do que estava por vir e toda a coragem de quem enfrenta o que tiver que ser... Era forte e docemente inquieta, caminhava rápido, em passos fortes temendo ser vista, mas quando queria que a vissem, a caro leitor, você a veria.
Tinha um ar sutil de quem é cordial e extremamente ponderada, mas seu âmago era diferente. Não era ponderada, muito menos sutil... Sabia o que dizer, e como dizer para conseguir o que queria e não tinha o menor receio em usar da técnica que aprendera quando ela era a unica coisa que possuía.
Queria alcançar o céu e para isso não mediria nem esforços, nem conseqüências. Queria chegar ao fim de tudo, entretanto sentava-se e chorava a cada fim que determinava...

23 de novembro de 2009

Florescer


Sei bem dos meus limites
e assumo as minhas responsabilidades
Tardias talvez para a mulher,
pueris demais para a menina.
Feita de gritos e afagos
sussurros e disparos.
Sou eu o auto-controle dos náufragos.

Uma parte que me foi um dia
toma-me o direito de se-la novamente.
E o que poderei fazer eu e minhas
pequenas mãos?
Espalhar pelo chão todas as coisas que já fui?
Recolher, as que sou...
Deixarei-me tomar por essa que me é.
Se-la-hei.
Ser-me-hei.

Semearei-me.