21 de julho de 2010

Dear Julie II

Num dia de chuvas, desses em que a gente acorda primeiro que o despertador e fica torcendo pra que ele demore pra tocar, mas mesmo assim não prega os olhos... Num dia assim ela olhava através da fresta do cobertor que abrira para que o ar fresco entrasse e ela não se sentisse sufocada pelo calor das cobertas.
Ela queria um motivo, um só motivo para levantar da cama e sair de casa.
Procurava e procurava... Nas lembranças do passado, no calor do dia-a-dia, nos detalhes do ultimo livro, mas nada lhe vinha a mente.
Sentia-se triste e não tinha um motivo. Queria encontra-lo.
Pensou nas pobres crianças afegãs que tanto sofriam por causa da guerra, pensou nas crianças brasileiras com fome, sem nome e sem educação... Pensou nas tristezas todas do mundo, mas muito embora se sentisse tocada por todas aquelas coisas, não era isso que a entristecia...
Desligou o despertador e decidiu dormir naquele dia, não ligaria para o trabalho, ninguém sentiria a sua falta.
Tentou em vão voltar ao sonho que tivera antes de acordar, e descobriu então o que lhe deixava tão angustiada, era a falta.
A falta de algo que ela jamais teve.