29 de julho de 2008

Muralha



Talvez eu não devesse pensar tantas vezes em pensar, e tantas outras em sentir.
Talvez eu não pudesse, talvez.
Foram tantas as pedrinhas recolhidas, umas vezes coloridas e sonoras. Outras tantas solidas e inaudiveis.
Uma a uma foram organizadas, colocadas estrategicamente umas sobre as outras, encaixando-se tão perfeitamente que chega-se a pensar que foram recortadas para melhor resultado.Aos poucos uma pequena parede foi erguida, e com o passar do tempo não se via do outro lado um único sinal de existência.
Preferi subir sob as pontas dos pés e dali observar o mundo a girar. As horas não paravam, e os mesmos pés doíam e já se cansavam da posição incomoda. Deixaram-se encontrar o chão, e sem que pudesse controlar eu já não via nada.
Protegida eu estaria ali, das coisas feias que eu vi pelo murinho.
E enclausurada também.
Não poderia ver a claridade que o Sol traria pelas manhãs, e tão pouco veria os raios que, provavelmente, cortariam os céus durante as tempestades de verão.
Por longos momentos preferi assim, acomodei-me a sombra da muralha e adormeci.

Algumas pedrinhas se soltaram por causa dos ventos que passaram e não foram ouvidos, muito menos sentidos.
Uma claridade tão serena se fez entrar, acordei. E quando olhei pela ausência de pedras tudo estava tão diferente. (s u s t o)
Ainda forço algumas outras pedras pra abrir um espaço maior.