20 de novembro de 2008

Eternidade


Enquanto você compõe baladas lancinantes, eu me obrigo a ouvir sempre as mesmas baladas bregas de sempre, esperando que a sabedoria que elas carregam me mostrem como te esquecer.

E de fato elas dão certas dicas do que fazer, do que não fazer e de como tentar parecer forte e inatingível, mas o que pulsa no peito insiste em tapar os ouvidos com as palmas das mãos, assim como faz uma criança pirracenta quando não quer ouvir a bronca de seus pais.

Tal vez eu continue assim.

Talvez eu te ame pela eternidade, o Amado* de Moraes já previa... E que seja como ele pré-visualizou: ' eterno enquanto dure. ' Mas que dure pouco, por favor!


Alguém depressa traga-me uma bolsa grande e macia em que caibam: um copo, um copo não, muitos deles, pode ser que eu atire alguns contra minhas teimosias cotidianas na tentativa de dete-las, um bebida doce e forte e uma boa dose de paciência engarrafada.

Levem-nos até o topo do mais alto vale, de onde eu possa observar as tempestades chegando e adivinhar quanto tempo demorara até que a primeira gota d'água caia no meu colo. De onde eu possa ver as grandes trovoadas em formação, mares em calmaria e desertos em transformação, rios, revoltas e vilarejos... Ah! E não esqueçam-se da ampulheta secular! Preciso esperar uma eternidade passar.


* Vinicius de Moraes