21 de julho de 2010

Dear Julie II

Num dia de chuvas, desses em que a gente acorda primeiro que o despertador e fica torcendo pra que ele demore pra tocar, mas mesmo assim não prega os olhos... Num dia assim ela olhava através da fresta do cobertor que abrira para que o ar fresco entrasse e ela não se sentisse sufocada pelo calor das cobertas.
Ela queria um motivo, um só motivo para levantar da cama e sair de casa.
Procurava e procurava... Nas lembranças do passado, no calor do dia-a-dia, nos detalhes do ultimo livro, mas nada lhe vinha a mente.
Sentia-se triste e não tinha um motivo. Queria encontra-lo.
Pensou nas pobres crianças afegãs que tanto sofriam por causa da guerra, pensou nas crianças brasileiras com fome, sem nome e sem educação... Pensou nas tristezas todas do mundo, mas muito embora se sentisse tocada por todas aquelas coisas, não era isso que a entristecia...
Desligou o despertador e decidiu dormir naquele dia, não ligaria para o trabalho, ninguém sentiria a sua falta.
Tentou em vão voltar ao sonho que tivera antes de acordar, e descobriu então o que lhe deixava tão angustiada, era a falta.
A falta de algo que ela jamais teve.

20 de julho de 2010

Moça

É tão pequena a moça...
Tão pequena que os olhos se apertam pra ver os seus detalhes.

Tão linda a moça...
Tão linda que a imagem não combina com as coisas ao redor...
Nem com a lua la do alto, nem com a conchinha la embaixo.

É tão doce a moça...
Tão doce que os os dentes doem, e a testa franze quando ouvem a vozinha da moça.

É tão mundo a moça...
Mundo que gira ao redor do tudo, que dança ao redor do nada...
Moça danada!

A moça nasceu no tempo errado!
Coitada!
Não era pra ser a dona de meus versos, era pra dona dos versos de bambas, de sambas e bossas.

Moça, moça, moça!
Que é Nathalia, mas podia muito bem ser Sophia!