27 de fevereiro de 2009

Hipoteticamente


Se fosses as coisas que procurei
Serias bem mais que o desejo momentaneo.
Seria agora o que aguardei
no segredo da fé selada.

Se fosses os sonhos que sonhei,
serias menos que as dores que doeram.
Seria amanhã a realidade que gravei
na força da ponta de um olhar.
Ou num olhar de ponta,
olhar que desponta.

Se eu fosse mais real do que já fui
Estaria pisando por trilhas que pisei.
Em outros tempos sem olhar.

Se fosses de encanto
Serias a magica que não fiz,
Pirlimpimpim que escorreu por entre os dedos
de uma fada sem poder.

9 de fevereiro de 2009

Dois quartos


Faz do tempo seu cãozinho
Faz correr e faz voltar
Faz passar;
esperar.
Me espera no infinito a rodar
Roda nos passos de um segundo...
De um terceiro, de um quarto vazio
De um quinto infernal e de
um sexto florido.
Voltemos ao começo e fiqemos
ao primeiro passo.

7 de fevereiro de 2009

Palavra muda


Saída de emergência pra quem não fica.
Janela indiscreta pra querer olhar.
Porta automática pra quem entra.
Fecho de alumínio pra quem fica.

Trinco de madeira pra quem passa.
Cortina de fumaça pra quem chama.
Chave de prata pra quem espera.
Cofre blindado pra quem ama.

Caixa de segredos bem aberta!
Flores espalhadas no fim da flecha
só quem sabe entende a caixa,
só quem viu enxerga a faixa.

Faixa azul trançada nos cabelos
Refletida em verde pelo espelho.

Nem tudo que parece é;
Nem tudo que é parece.
Nem toda reza é prece;
nem toda corrida é pressa;
nem toda luz é feixe.
Nem toda água é peixe...

Nem toda caixa é quadrada
nem toda alma é selada.
Nem todo selo é carta
nem todo poema é falta.
Nem todo amor é carma
nem toda magia marca.
Nem toda mão é destra;
Nem toda palavra fala.