28 de setembro de 2008

Cofre

Há uma quantidade gigantesca de coisas guardadas dentro de um pote de vidro, e como em um cofre infantil todos os dias deposito nele o que a de melhor em mim.
Deixo que as partes depositadas sejam chacoalhadas com força e façam barulho como um instrumento musical.
Logo o vidro se enche, e fica quase a ponto de explodir.
Puf.
Vazio novamente.
Hora de reenche-lo.

27 de setembro de 2008

De ultima hora

' E como loucura de ultima hora, me vem a vontade mais inebriante de escrever...
Escrever o que? Quem sabe?
Escrever um poema, um soneto, uma cronica, um texto... Qualquer coisa.
Apenas escrever e fazer com que você pense em qualquer coisa que possa te levar pra longe da rotina que tanto te angustia e te da a gigantesca vontade de fugir pra uma outra vida.
Talvez eu acabe não escrevendo nada de profundo, ou que mereça qualquer tipo de atenção, talvez eu enrole e digite aqui apenas a mais fugaz falta do que dizer, mais talvez eu realmente consiga chegar ao ponto que quero: Te levar.
Te levar pra qualquer lugar, e te deixar longe das coisas que você não quer por perto.
Empurrar pra dentro de uma caixa velha e fechar a cadeados todos aqueles monstros que no durante o seu dia-a-dia andam ao teu lado e não te dão um segundo sequer de paz de espírito.
Essa é a única e verdadeira intenção do escritor. Te levar pro lugar aonde você sempre quis estar e que não conseguiria chegar sem o devaneio de ultima hora de um genio com cara de maluco.
Não sou escritora, e quem dera um dia se-lo.
Mais me deixa tentar!
A tentativa frustrada é muito mais linda e romântica (e serve até de inspiração!), do que aquele imaginar distante que para nele mesmo.
Eu quero escrever a toda hora e a todo momento, e quero que você, se for possível é claro, acompanhe a minha linha de raciocínio, e viaje comigo.
O meu mundo lilás é muito mais imprevisível do que a minha sã previsibilidade.
E aaaah! Deixa eu te levar!
Eu vou escrever sobre os temas mais clichés e te fazer voar por cima de tudo aquilo que você cansou de inclinar a cabeça pra ver! Vou pintar a pontinha do seu nariz de rosa, pra marcar o ponto de onde você partiu pela ultima vez.
A gente marca da onde você partiu e parte de outro lugar, pra rotina não participar do nosso jogo.
E quando a vontade de ler acabar, você inclina a cabeça sobre a mesa, e deixa os teus olhos se fecharem. É exatamente a partir daí que a viajem começa! '

16 de setembro de 2008

Real

Quando a gente para pra observar um fato isolado dos demais é incrível a progeção que aquela minúscula cena exerce sobre nossa mente.
Num desses dias modorrentos, em frente a uma janela qualquer vi uma senhora pequena, magra e com a aparência sofrida. Trazia consigo uma grande bolsa e uma sacola cheia de coisas pequenas. Imaginei serem guloseimas para os netos que ela deveria ter.
Sim, ela tinha um lindo semblante de avó. Um sorriso cumplicente, daqueles que a gente sorri só de ver.
Tinha as mãos pequenas, quase não se via as palmas cobertas pelas alças da sacola.
Mas eram mãos lindas,cheias de linhas e marcas.
Quantas histórias não tinha aquela senhora pra contar, quantas vidas ela não mudou, quantas promessas, palavras, dores, alegrias.
Quanto sentimento não tinha sido depositado naquele coração, quanto sentimento não havia sido despejado por aquele mesmo coração.

E eu aqui, por algum segundo pude chegar perto de entender o sentido real das coisas.