15 de maio de 2008

Minoria


Sim eu sou diferente dos seres que me rodeiam.
Faço parte de uma minoria esquisita que gosta de coisas esquisitas, lugares esquisitos, manias esquisitas e tudo o que de mais esquisito houver nesse mundo.
Tenho minhas próprias teorias, minhas histórias inventadas. Meus devaneios toscos, pouco característico para uma moça de minha alçada.
Tenho vontades alheias, coleções bizarras, manias involuntárias e uma vida toda desenhada.
Tenho planos de futuro, nova concepção de passado, e perspectiva de presente.
Tenho uma coragem latente, uma dor ausente e me mantenho presa a correntes, se não for assim, eu alço voo pelo mundo a fora e o céu se tornaria instantaneamente pequeno para o tamanho de minhas famintas asas de cera.
Tenho medos incomparáveis, desejos inestimáveis e realizações incríveis em meu currículo.
Tenho ganância suficiente, modéstia coerente e uma ira incandescente.
Tenho o que eu quero ter, na hora que eu sinto que devo.
Na hora que eu quero sentir.
No sentido que a hora me quer.
Existe maior minoria que a minha?

Falta

Eu estou me lembrando menos de você, e cada dia, me acostumo com a falta que você me faz. Uma falta quase que platônica uma vez que você nunca tenha estado verdadeiramente aqui.
Às vezes não contenho os meus pensamentos e acabo me levando ao teu encontro, mas a freqüência com que isso acontece é surpreendentemente menor e eu já me espanto quando estou no caminho de volta. Eu nem sabia que esse caminho existia. E agora que eu demarquei meus passos não esquecerei novamente que eu tenho, sim, uma escolha e por onde fazê-la.E essas linhas mal traçadas serão apenas mais uma pagina das cartas que nunca irão chegar.

14 de maio de 2008

Máscara.


Nada como ausentar-se por tempo indeterminado de um certo circulo vicioso de convívio, a impressão que me dá é a de que quando longe podemos perfeitamente sentir aquela saudadezinha marota dos seres bem-queridos.
É uma espécie simples de abstinência de um convívio obrigatório, que nos traz vontade de estarmos cada vez mais perto das pessoas espertas e indizíveis que nos rodeiam e bem longe das ventosas lancinantes de tantas outras que nos mantém fixamente presos a uma amizade calculista e interesseira.
Não me importa com que reação lerão e entenderão o meu pensar, me importa sim o meu direito a liberdade de estar no lugar que me agrada somente com as criações divinas que me agradam.
Já reparou na frequência interessantíssima com que você se vê rodeado por pessoas que certamente te irritam tão magnificamente, que te dão aquela vontadezinha de arrancar suas luvas de pelica e chacoalha-las no ar a fim de que as pontas de seus dedos acertem em cheio seus narizes empinados e cheios de si mesmos.
Eu já reparei. E desde então para não correr este risco deixo minhas luvas guardadas e muito bem trancadas dentro de um baú.
Ficam lá aguardando o dia de serem usadas com um certo ar de ‘Menina, deixe de ser boba! Dê logo essa bofetada!’ As mascaras ao redor concordam desprezando horrendamente o sorriso mimetista e sublime da mascara que me cobre os olhos.

13 de maio de 2008

Rato azul

A lua que outrora estava aqui, neste exato instante, deixou de existir a pouco mais de um milésimo de segundo, foi um pouco mais do que a velocidade com que meus olhos piscaram pela ultima vez.
As mensagens subliminares que deixei foram vãs e como o lixo que se retira do fundo dos armários, foram arrancadas com força e jogadas num lixo qualquer.
Pequenas lembranças foram esquecidas e continuam penduras na parede daquele quarto imundo e vazio.
Janelas foram devidamente trancadas na tentativa frustrada de resistir aos teus chamados e espetáculo teatrais que por tantas vezes me deixaram desarmada.
Depois de tantos esforços, restaurei meu amor à chuva. Amor esse que se restringe a tempestades impetuosas com direito a trovoes e trovoadas. E pelo que sei, chuvas de verão não se enquadram nesse aspecto.Mas é claro que aquele sol de ponta ainda me deixa embaraçada, e que aquele pequeno ratinho azul ainda me olha dormir do alto da estante de madeira.

2 de maio de 2008

Espinhos


Meus passos nem sempre
Tão certos, me levam a lugares
Que jamais sonhei em estar.
Essas andanças não combinam
Com a história que as minhas
Estrelas escreveram por linhas
Tortas.
Nem elas explicam aonde darão
Todas essas portas.
E já são tantas as perguntas, e
Nada. Nada de respostas.

Não percebe que esta tudo
Do lado errado.
Esta tudo invertido, como
Num jogo de espelhos.
As coisas seguem por si só,
E eu já entorpecida tento
Esconder as marcas.
Mascaras.

Somos tão incompletamente
Diferentes.

Estrelas, cartas, números e búzios.
Tudo diz que nossa historia esta errada.
E até as voltas do universo dizem
Que não daremos certo.

Por um segundo eu quase desisti.
Por um minuto e quase te deixei ir.
Mas por mim,
Eu insisto neste caminho, e por
Você eu abandono todos os espinhos.